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Publicado a 23 de Setembro 2025

A interação com a informação através de information avoidance

No contexto de uma sociedade veloz, em que a informação circula não só muito rapidamente, mas também em grandes quantidades, o conceito information avoidance é pertinente para perceber algumas estratégias que as pessoas utilizam para lidar com a informação que lhes chega.

A interação com a informação através de information avoidance

A information avoidance tem vindo a ser estudada dentro da área das ciências da informação, mas também da psicologia e da comunicação, por exemplo. Este conceito é uma forma, entre outras, de interagir com conteúdos informativos (Hicks et al., 2025), não significando passividade ou desconexão informativa.

Uma revisão de literatura tradicional, levada a cabo por Hicks et al. (2025), encontrou sete características, dividas por três categorias – relacionadas com a informação; relacionadas com a pessoa; relacionadas com a informação e com a pessoa -, para o conceito de information avoidance:

Relacionadas com a informação

“Intensidade: refere-se à quantidade, ritmo ou força da informação” (pp. 334-335). A intensidade diz respeito à quantidade e ao ritmo com que a informação chega, podendo dar origem a sobrecarga(s) de informação e/ou à sensação de cansaço e de sobre-exposição informativa. A information avoidance pode relacionar-se com a redução dos conteúdos a que se acede (com base, por exemplo, em critérios como a qualidade e a timeliness); e pode funcionar como mecanismo de defesa emocional (relativamente aos conteúdos ou, mesmo, à quantidade de informação).

“Granularidade: refere-se à escala da informação, quer abranja fontes de informação completas ou partes individuais de conteúdo” (pp. 334-335). Relaciona-se com o nível de detalhe da informação e a information avoidance é utilizada para controlar os recursos (fontes de informação, por exemplo) ou os tópicos, dentro de um contexto mais abrangente, a que se acede.

Relacionadas com a pessoa

“Engagement: refere-se ao grau de investimento ou envolvimento de uma pessoa com a informação, seja ativo, recetivo ou passivo” (pp. 334-335). Aqui, information avoidance significa evitar informação “através da falta de atividade, marginalizando informação” (p. 336) quando há desinteresse, apatia, cansaço. O engagement existe, assim, num contínuo de atividade, que inclui formas de contacto, com a informação, passivas e ativas (estas últimas, por exemplo, quando as pessoas desenham estratégias deliberadas para não terem contacto com um certo tópico ou conteúdo).

“Controlo: refere-se à medida em que a pessoa tem ou acredita ter controlo sobre as informações” (pp. 334-335). Aqui, a information avoidance é moldada pela influência que a pessoa pode ter sobre uma situação – pode traduzir-se em ações que se concentram na criação de espaços não informativos. Isto mostra como o controlo se desenrola a “nível social” (p. 337), por exemplo, controlando o sentido de uma conversa.

Relacionadas com a informação e com a pessoa

“Relevância: refere-se ao significado ou importância que a informação tem para uma pessoa, incluindo o grau de especificidade” (pp. 334-335). A relevância pode ser encarada como oposta à sobrecarga informativa, quando se procura mais informação, mas sobre assuntos específicos.

“Qualidade: refere-se à autoridade ou credibilidade que a informação tem para uma pessoa” (pp. 334-335). A qualidade serve como medida para julgar se a informação merece, ou não, atenção.

“Timeliness: refere-se à adequação ou pertinência temporal das informações para uma pessoa” (pp. 334-335). Esta característica da information avoidance “reconhece que as pessoas podem rejeitar informação por não ser imediatamente útil” (p. 339).

Várias destas características, nomeadamente as que fazem parte das relacionadas com a informação e as relacionadas com a informação e com a pessoa, são semelhantes a componentes do conceito de qualidade da informação, como desenhado no referencial teórico-metodológico do BIP – por exemplo, credibilidade, relevância e utilidade, precisão e veracidade (Barómetro para a Qualidade da Informação, 2024). Isto reforça information avoidance como uma forma de lidar com a quantidade de informação que recebemos constantemente, e a velocidade a que é transmitida; embora, ao contrário do que o nome possa sugerir, não signifique que as pessoas se abstenham de receber informação. Hicks et al. (2025) também chamam a atenção para o papel que a capacidade de cada pessoa lidar com determinada informação, num momento específico, tem no acesso e utilização de certa informação.

Referências

Barómetro para a Qualidade da Informação. (2024). Avaliar a qualidade da informação: Referencial teórico-metodológico.

CECS. https://www.cecs.uminho.pt/wp-content/uploads/2025/03/ebook_barometro_publicar2-.pdf

Hicks, A., Mckenzie, P., Bronstein, J., Hyldegård, J. S., Ruthven, I., & Widén, G. (2025). Information avoidance: A critical conceptual review. An Annual Review of Information Science and Technology (ARIST) paper. Journal of the Association for Information Science and Technology, 76(1), 326-346.

https://doi.org/10.1002/asi.24968

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