Falta de confiança nos média e preferência pelas redes sociais: algumas conclusões do Digital News Report 2025
O Reuters Institute publicou a edição de 2025 do Digital News Report, que reporta estabilidade na confiança global nas notícias, embora num valor abaixo de 50%.

Os média tradicionais debatem-se com o baixo envolvimento dos públicos e com a baixa confiança, segundo o Digital News Report 2025, do Reuters Institute, publicado no passado mês de junho. Acresce que os média têm sido preteridos em favor das redes sociais e plataformas de vídeo. Ainda assim, a confiança global nas notícias (40%) permanece estável pelo terceiro ano consecutivo.
A nível global, a amostra do Reuters Institute, que inclui seis continentes e 48 países (a Sérvia pela primeira vez), diz aceder a conteúdos noticiosos através do Facebook (36%) e do Youtube (30%) todas as semanas. Já o Instagram é utilizado por 19% da amostra, bem como o Whatsapp. Segue-se o TikTok, com 16%, e o X, com 12%. O uso do X para aceder a notícias é estável, ou está a aumentar, em diversos mercados. No entanto, a população que acede a esta rede social mudou depois de Elon Musk ter assumido controlo, em 2022: cresceu a utilização por pessoas da direita política, particularmente homens jovens, ao mesmo tempo que pessoas progressistas têm deixado de a usar, ou de o fazer com menos frequência. Além disso, em alguns países, como os EUA, os influenciadores têm tido um papel relevante na definição dos debates públicos.
Embora exista preferência pelas redes sociais no acesso a informação, existe preocupação sobre a capacidade de distinguir entre o que é verdadeiro e o que é falso: esta preocupação é mais alta em África (73%), e nos EUA (73%), e mais baixa na Europa Ocidental (46%). Além disso, os influenciadores e os políticos (ambos com 47%) são considerados a maior ameaça à circulação de informação falsa ou enganadora. Assim, percebeu-se que os média de confiança, incluindo marcas de serviço público em diversos países, permanecem o local ao qual as pessoas recorrem mais frequentemente quando querem confirmar a veracidade de determinada informação.
Segundo o relatório do Reuters Institute, a utilização de Inteligência Artificial nas notícias continua a ser mais bem vista quando é aplicada em prol da acessibilidade (por exemplo, sintetizar ou traduzir notícias). Além disso, é um recurso no qual ainda se deposita mais confiança quando o ser humano está envolvido no processo.
Ao olhar o contexto português de forma isolada, conclui-se que os média atravessam dificuldades: apesar dos cenários positivos da RTP (em 2024) e dos grupos privados Medialivre e Media Capital Group (dados de 2023), a Global Media e a Impresa reportaram perdas significativas, que implicaram não só cortes salariais, mas também lay-offs. Por outro lado, percebeu-se que os mais jovens não só confiam menos nas notícias, como também demonstram menos preocupação com a desinformação online.